POR UMA VISÃO MAIS ABRANGENTE
- Paulo Lair Menezes da Silveira
- 13 de mar. de 2016
- 3 min de leitura
Kean – Representamos o papel do herói porque somos covardes, o de santo porque somos maus. E o de assassino porque sempre existe alguém que gostaríamos de matar. Representamos, em suma, porque desde o momento em que se nasce não se faz outra coisa senão mentir.
( Jean Paul Sartre )

“De onde vim não há forma, nem cor! Eu nasci do vazio! O vazio de forma alguma será preenchido! Devo retornar ao vazio!”
O peso do tempo torna modestas as aspirações e nos faz andar mais depressa, pois, necessitamos realizar logo os nossos sonhos mais caros. Corremos para não nos tornamos, além de velhos, frustrados por não termos aproveitado, ao menos, o pouco de talento que tínhamos.
Em algum momento todos se perdem e já não sabemos definir a dimensão do que realmente somos.
Queremos uma forma de expressão direta, capaz de tratar também das bases emocionais. Expressando entendimentos mais profundos. Algo que trace uma espécie de mapa para a alma dos homens. Alguma coisa que fale de eternidade, um reconhecimento pessoal de medo e esperança, além de trazer profundas observações sobre uma tensão existencial.
Precisamos de algo que consiga mostrar o conflito de almas atormentadas em busca da paz de espírito. Discursos sobre a dificuldade em compreender quando é preciso ser livre e que conseqüências isso traz. Aprecemos o diálogo a respeito da intolerância, desempenhando o papel de regra comum na formação de juízos éticos.
Novamente, retorno aos desertos insondáveis da mente e da alma.
Não vai ficar perfeito! Que um texto nunca pode, nem deve, ficar perfeito.
Os avanços da tecnologia nos catapultaram a uma realidade em que a informação é rápida e pode ser usada como arma, tanto quanto escudo.
Quem está no poder, ou fazendo uso do poder, quer falar de coisas boas, alegres e certinhas. Antes apontavam os erros. Os mesmos erros que agora cometem; se lhes tirares o poder e entregá-lo a outros, voltam a repetir as mesmas críticas que agora sofrem.
É uma hipocrisia dizer que a corrupção, hoje, é a pior da história do país. Sempre foi assim. Mas, como não exercemos nossa cidadania, não conhecemos nossa história.
Beira o impossível contextualizar assuntos profundos, quando se trata de um povo que não tem formação educacional e cultural. Nossas crianças freqüentam escolas para aprenderem a obedecer, enquanto nossas maiores carências são lideres. Nem as nossas chamadas “elites” têm cultura e educação de verdade. Em vez de construirmos nossa emancipação, optamos por nos encerrarmos dentro de nossas bolhas, muitas vezes nos auto-excluindo. Ao invés de resolvermos nossos problemas sociais de relacionamento, investimos em novos elementos de segregação, piores até que os de outros países. É fato que, o heterossexual não sabe e nem quer aprender a conviver com homossexual, o branco não tem profundidade intelectual para conviver com o negro ou o índio, e o rico, torna cada vez maior o abismo que o impede de conviver com o pobre. Medo e insegurança assumindo proporções recíprocas.
Parece que o mundo gira mais rápido, talvez gire mesmo. Ninguém mais tem tempo pra nada. As complicações estéticas assumiram uma importância nítida, ou então, as pessoas simplesmente perceberam que, os belos ou bem vestidos sempre são mais bem tratados. Esse foi um erro cometido pelos indígenas: trataram como deuses um bando de salafrários bem vestidos e foram dizimados, quase a beira da extinção. Hoje, nobres da Europa, em visita oficial ao Brasil, insistem em encontros diplomáticos com lideranças indígenas. São sistematicamente atendidos, e nem se atrevem a falar em religião ou “guerra cambial” com os verdadeiros donos da terra.
Tem “babaca” dizendo que o Papa, pelo menos, pediu perdão pelo silêncio da igreja perante as atrocidades cometidas contra: os negros, os judeus, os índios... Tolos! Acreditam que atitudes assim redimem o Catolicismo. Agora, temos que engolir os casos de pedofilia. Decisões comercias impedem que os padres se casem, não religiosas: a igreja não quer arcar com o ônus de pagar pensão ou auxílio às famílias dos sacerdotes. O sexo, o apoio físico e emocional, são necessidades humanas, sem isso estamos a um passo de nos tornarmos monstros. As desculpas são artifícios, muito bem engendrados, e não redimem porcaria nenhuma.
O que retrata de forma verossímil a devastação e a ausência de sentidos em que se transformaram todas as civilizações?
Qual o único sinal de uma possível ordem num mundo alienado e destruído?
Estamos cercados de perguntas que, quem deve, não sabe, nem tenta responder.
Tudo isso acaba estabelecendo um discurso de denúncia dessa mentira de ordem, igualdade e direitos civis com a qual a gente vive.
No final, todas as cores sangram em apenas uma.
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