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ESTOU EXAUSTO DE FALAR DE MIM

  • Paulo L. Menezes
  • 24 de ago. de 2015
  • 7 min de leitura

QUEM NÃO TEM UMA HISTÓRIA PRA CONTAR?

São interessantes as maneiras como as coisas começam.

Meu erro estava em querer acrescentar sempre uma dose de intelecto a representação da beleza natural e pura.

Sabes esses dias em que ficamos desconfortáveis? Como se alguma coisa estivesse faltando ou estivesse demais? Pois é, este é um dia desses. Ou melhor: esse é “um dia daqueles!”

Os ciclos, rápidos se sucedem se estou sem pressa; arrastam-se, quando espero que eles corram.

Antes era no meu coração, agora é na minha cabeça.

Embalo meus sonhos outra vez e continuamos indo. Vamos lá. Apenas mais um dia...

Há um vácuo enorme no meu peito. Um imenso buraco negro sugando emoções.

Era bem mais fácil quando sabíamos pelo que lutávamos. Era bem mais prático saber quem era o inimigo.

Agora tudo passa tão rápido. Não existe sequer a ilusão de que estamos no controle. "A ostra que não sofre não produz pérola de qualidade". Foi Deus quem decidiu? Nem acredito tanto mais na fé!

Preciso de uma antiga história nova. Essa parece ser a única história que me resta: Deixe-me falar sobre a prata e o ouro. Espere, vou explicar algum dia tudo o que fiz para conseguir um pouco de tudo isso... E tudo o que eu queria era ter apenas um final feliz, por isso reduzi as minhas necessidades a um mínimo!

Não me autorizo a escrever uma autobiografia, pois mentiria demais e inventaria muito.

Meu desencanto fere-me os sentidos. Não entendo direito o que isso significa e por dizer a verdade, quase nada entendo direito.

Nem quero mais escrever corretamente ou, sequer policiar-me; que o mundo já me parece policiado demais, e, fatos como esse sequer contribuem para que as pessoas de bem durmam em paz.

Outra vez a verdade a farejar-me as calças e a roer-me os calcanhares.

Quero fugir da mera mediocridade e criar-me heróis que possam ser seguidos por todos, que esses que aí estão desgastaram-se por sua própria conta e risco.

Quero engajar-me em lutas valiosas, mas por toda parte vejo as lutas sendo banalizadas ao extremo.

Uma voz imaginária retumba em meus ouvidos sonhos de grandeza: “Desista dos plágios! Busque autenticidade, seja quem és e as pessoas irão imitá-lo!”

Quando todas as barreiras são quebradas, não existem limites. Posso até estar triste, mas agradeço por tudo, todos os dias.

Parto, quase sempre, de relatos urbanos, que a urbe está mesmo impressa em meus pensamentos, gestos e atitudes. Antes disso tentava em vão adivinhar os obscuros sonhos da natureza. “O homem é parte da natureza, e está sujeito às suas leis, como qualquer outro ser vivo.”

Hoje, no entanto, estou beirando ao subjetivo derradeiro.

Primeiro, não havia início. Depois, nem meio... Nem fim...

Mesmo assim continuávamos, sem rumo, sem destino, sem propósito...

Ouvíamos um sussurro... A seguir, um lamento. Um louco lamento que se transmutou em grito. Grito de pavor , de dor, de ódio...

E esse nada a dizer, essa descrença, esse espírito de dúvida... Revolveu-se num abraço sem braços, num carinho sem mãos... Num beijo sem lábios. E o gemido que restou parecia apenas um afago no éter...

Quando se denotou que todos estavam repletos de vazio e satisfeitos com coisa nenhuma... Surgiu um pequenino riso. Um risinho bobo e minúsculo. O risinho amoldou-se em risada, a risada virou uma gargalhada. E bota gargalhada naquilo! Gargalhada de doer os “Risoles de Santorine”.

Padecemos, todos, de uma mecanização improfícua e nefasta do raciocínio. Meu texto é marcado por elementos de uma fala truncada, repleta de hesitações e erros gramaticais. Sou autocrítico ao extremo.

No princípio já o era de uma mortificante insignificância; que o insignificante é tão sem importância antes quanto depois de percebê-lo. As perguntas valem muito, apesar do temor que temos das respostas.

Às vezes só temos para acreditar aquilo que não podemos ver. Busco por minhas memórias. Existe um segredo enterrado em algum lugar na minha mente, se não conseguir descobrir qual é, temo que isso destrua o pouco de sanidade que me resta. Creio que o amanhã trará de volta a mesma insanidade de sempre... Gostaria de ouvir alguém sussurrando em meu ouvido: “Se acaso caíres em meio ao caminho sem volta... Eu irei te buscar...” delírios de injustificada grandeza.

Todos passam pelas mesmas situações, a diferença está em como cada um lida com isso...

Mas agora sei o que aconteceu, na época eu era jovem, impulsivo e irredutível. A vida ensinou-me a ser ponderável e observador. A dor persistia. Além dos problemas que me perseguiam, existiam os que me arrumava.

O significado da dor existe enquanto a estamos sentindo. Quando relembramos e falamos sobre a dor sentida, não a sentimos de novo, e, por mais sinceramente que a dor seja explicada a outrem, esse não a reviverá, nem mesmo baseado na dor que esteja sentindo ou, em outras outrora sentidas.

Percebo-me em contato com meu estado infantil, com a mente desimpedida, alerta para sonhos primitivos, com intensas sensações de liberdade imaginativa.

Invento-me, todos os dias, reconstruo-me, às vezes do nada, mas do meu nada. Com um mínimo de consciência tento construir mundos, sistemáticos, reais e possíveis. Infiro, deduzo, concluo.

Preciso então contar uma história.

Comecemos assim: pecados não existem! E não me venham estes “pseudopuritanos”, que se auto-intitulam donos da verdade, encher-me os ouvidos com a desgastada retórica de que o mundo atual está perdido. Catastrofistas “sem noção”... O mundo sempre esteve perdido, desde que se pensava que o maior engole o menor e sabia-se por osmose que os fortes ou mais bem organizados subjugam os fracos e desorganizados.

Suponho, neste momento, que alguém deve tê-lo ensinado que os seres humanos estão no topo da cadeia alimentar. Quem te ensinou isso estava muito errado. É honesto e correto afirmar que milhões e milhões de organismos microscópicos se alimentam de nós, vivem em nós, se reproduzem em nós. Viroses, bactérias, protozoárias e fungos. Os invisíveis aristocratas do infinito reino microbiano. É factual: todos nascemos com aquilo que vai nos matar! Digo: quão estúpido é isso? A morte, o fim do arrependimento, do sofrimento e da dor? Uma vida curta, brutal e uma morte agonizante...?

Como se uma série de instintos selvagens acordassem ao mesmo tempo, obrigando-me a fazer coisas que não quero, elevo meus questionamentos: “A quem pertence esta realidade? Quem possui a chave para escapar desta angústia? Alguém saberá dizer-me o que é preciso ser feito?”

Não é claro que não estou bem?

A mente controla todas as ações humanas, voluntárias ou involuntárias. Cada respiração, cada batimento cardíaco, cada pensamento, cada emoção...

Para tudo existe uma época e uma hora para cada propósito.

Conceptualizemos, depressa, qual o objetivo de uma obra qualquer que não seja para melhorar o homem?

Precisamos, então, admitir a necessidade extrema de um imperativo evolucionário.

Carecemos, enquanto espécie, do desenvolvimento de uma personalidade crítica e analítica. Diga-me o que tens para dizer. Você diz o que pensa? Sabe quem és? Seu poder é ser humano. Essa é a sua força: sua humanidade. Só podemos saber a diferença que faremos quando tentarmos.

O ser humano pode até não ter caráter, mas tem muito talento. O que nos difere dos outros animais e compensa nossas loucuras é essa nossa infinita capacidade de sonhar e criar. Onde existe talento uma surpresa é sempre possível.

Nosso planeta está cada vez mais sacudido por revoltas e quedas de ditaduras.

Está também no DNA do homem invadir espaços e as razões são sempre as mesmas: territoriais, religiosas, econômicas ou sentimentais.

Será que as coisas podem ficar piores? Sim! Basta que continuemos insistindo em fazer o que sempre fizemos!

Dizem que a única simplicidade que vale a pena conservar é a do coração, simplicidade que aceita e flui. Tolice romântica! Digo que o coração é traiçoeiro e que sentimentos é a primeira coisa de que devemos nos livrar quando queremos ser, realmente, livres. Sempre achamos que algo precisa ser feito, mesmo que tudo pareça ser regido por uma poderosa alegoria moral e ética.

Preocupações não resolvem problemas. Atitudes resolvem problemas; e nossos maiores problemas consistem em querermos ter todos os benefícios sem nenhuma das implicações. Mas não podemos simplesmente entrar na vida das pessoas, fazer com que elas se preocupem e depois dizer para irem embora. Diferente de algumas reuniões, a vida não é interminável. Então, divirta-se!

Estamos vivendo a era da informática e vivenciando um descontrole absurdo das informações. A nova ordem é expor-se, aparecer a qualquer custo. Seguir. Ser seguido. Conectar-se, ou tentar desesperadamente participar do “BBB”...

Com a TV até mesmo populações remotas e primitivas tornaram-se familiares. O problema foi termos saído do carro de bois para o avião a jato, sem nenhuma das parcelas intermediárias.

Escondo-me nas sombras, nos cantos de meus pensamentos... Sempre retorno há um ponto qualquer onde, (imagino que), tudo tenha começado.

Nenhum lugar para ir. Nenhuma brecha por onde escapar. Agora, estou indo cada vez mais fundo. Ouço uma melodia no ar. Por favor, que venha a esperança!

Deixe-me dizer que estou apenas de baixo astral.

Deixe-me apenas dizer: “Estou indo cada vez mais fundo!”

Não suporto mais todas estas regras e leis que os próprios que as criaram não obedecem, nem seguem! Homens maus são poderosos. Homens maus não podem ter fraquezas. O mal não descansa.

Por favor, que eu possa pelo menos dizer: “Não suporto mais tanto controle e este inferno de regras!”

Também não agüento mais ler um único livro de auto-ajuda: “Já encheu o saco!”

Pressinto-me incólume... Intocável... Restrito... Incorruptível... Só... Solitariamente só. Só, irremediavelmente! Não existe escapatória de mim mesmo. Sou meu herói e meu vilão. Estou comigo todos os momentos, situações e lugares, e, agora... Estou apenas sozinho e indo cada vez mais fundo...

Este momento é sagrado. Eu mesmo o sacralizo (para não ser rotulado). Não sei dizer ao certo quanto tempo faz que busco, assim, o nada. Meu Eu será santificado, protegido e anulado.

Entrego nas mãos do “criador” toda e qualquer possibilidade de ser algo, alguém ou algum...

Continuo caminhando. Ouvindo o eco de meus próprios passos e os sons das palavras que formam meu nome.

O caminho ainda não chegou ao fim; há muito que andar. Restando sempre uma caminhada a ser feita. Pode ser que dela resultem novas experiências.

Uma nova história inicia em algum lugar. Isto era antes ou depois? Essas coisas sempre são tão complicadas...

Não lembro se estávamos indo ou voltando. Mas que diferença faz qual o caminho escolhido se não sabemos que destino seguir?

Empreendo uma volta gigantesca. Todo dia adiamos o inevitável.

Sirvo-me do óbvio. De mim sirvo-te o óbvio todo dia.

Sem tempo, o sol se põe.

Surge um novo herói. É um guerreiro gentil e implacável. Extremamente lúcido. Perene em arquitetar realidades plausíveis. Na via abstrata conjuga a espontaneidade lírica a um estrito controle intelectual... Seu tom de voz é firme e decidido. Cada gesto discreto e confiante. Questiona-se a cada dia sobre viver e morrer, toda vez que um companheiro ou adversário perece no campo de batalha...

Mas os heróis também morrem! Nem todos os sonhos se realizam e as histórias não podem ter sempre um final feliz!

Se Isto não é real e também não é um sonho, o que é afinal?

As coisas precisam de um voto de confiança!

Então, será este o meu destino?

Sinto muito por ter tomado o seu precioso tempo, mas também não suporto mais todos esses meus finais inacabados!

Estou exausto de falar de mim!

( Petchanka )

 
 
 

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