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COMUNICAR É PRECISO

  • Paulo L. Menezes
  • 31 de jul. de 2014
  • 3 min de leitura


“SOU PUXADO POR VENTOS E PALAVRAS... A GENTE É CRIA DE FRASES...”.

MANOEL DE BARROS



Para começar a escrever um texto novo é preciso predisposição e tempo. Também é necessária a escolha de um tema, e isso é o que não falta. Na continuação, sempre é importante conhecer o assunto sobre o qual se deseja discorrer, ou muita pesquisa. Sabendo-se ter dado o primeiro passo com segurança, os demais são mais ou menos óbvios.

Os homens continuarão se corrompendo e sendo homenageados, e os que não se corrompem, ainda sentir-se-ão magoados e serão perseguidos por agirem certo.

Estamos todos confinados dentro de padrões e tudo foi subvertido, até mesmo a literatura que ocupava um lugar sagrado e a tudo dava origem. Acaso existia História (com H maiúsculo) antes da Escrita? Não, havia pré-história, e mesmo assim, quaisquer lucubrações sobre o passado, presente ou futuro, repousam na PALAVRA todas as suas intermediações.

Todas as coisas, no universo da comunicação, gravitam em torno de vocábulos. Quem sabe no início tenha sido apenas um grunhido, um pouco mais... ou menos expressivo, o que resultou no nascimento da Tradição Oral? Quem sabe o desenho de uma flecha e de um animal abatido tenha dado origem ao que hoje chamamos de Linguagem Escrita? É provável que o emissor estivesse querendo dizer: “Aqui, com uma flecha abati esse animal” a isso agregava o conceito: “Nessa região existe tal animal” e também: “É possível abater animais semelhantes a esse usando um arco e uma flecha”.

Alguns sábios pressagiam o retorno da TRADIÇÃO ORAL, baseando-se no avanço das telecomunicações, culminando com o fim da LINGUAGEM ESCRITA. Mas mesmo a formulação de programas computacionais necessita de algoritmos e dígitos que surgiram ou emanaram da Linguagem Escrita.

Se a escrita for abolida, o que é que eu faço com as PROSOPOPÉIAS, com as HIPÉRBOLES e com as ONOMATOPÉIAS? E as METÁFORAS... O que é que eu faço com as metáforas que for descobrindo?

Até mesmo a publicidade cínica, revestida de ideais cosméticos de beleza enganadora, ou designs revolucionários, nos assalta com palavras comedidas de notada inspiração para nos convencer de aromas, texturas, paladares, veículos, sons... “Tudo isso à venda em algum lugar,longe, ou bem perto de você!”

Mesmo os diretores de cinema, todos imbuídos de uma linguagem fílmica e explorando os vastos recursos de FORMAÇÕES GRÁFICAS, precisam mergulhar em fórmulas, enredos e fatos literários, absorvidos em sua fraseologia peculiar. Difícil também é assistir a um filme que não tenha, ao menos, antes provocado inspiração ao roteirista em forma de Histórias em Quadrinhos (a meu ver, a perfeita síntese: IMAGEM/PALAVRA), mesmo que formalmente.

O poeta Mário Quintana prognosticou que um dia todos os clássicos da literatura seriam lançados em quadrinhos, menos os poetas, ressaltou. Sou cultor da Literatura Universal e adoro HQs, os presságios de Quintana se concretizaram, e já passaram pelas minhas mãos e diante de meus olhos inúmeros clássicos literários que foram quadrinizados. Inclusive poetas. Não soube ainda de nenhum trabalho do meu poeta preferido, o mesmo que predisse o fenômeno, que fosse lançado como história em quadrinhos, mas confesso: aguardo ansioso.

Já não importa se o que se escreve é idílico, estético ou charmoso. Importa comunicar. Interessa a força da expressão e o desejo de opinar. Não falo por outros argumentistas, traduzo a mim mesmo: escrevo melhor quando estou insatisfeito. Entretanto, nunca li nada de alguém, que estivesse satisfeito com a situação, que se possa dizer que prestava.

Sem mais palavras..., tenho fome de palavras; principalmente quando sinto que tudo o que era bom, célebre e sensível, talvez já tenha sido pensado, dito ou escrito.

Continuarei confessando a culpa de ser EU mesmo, E DE GOSTAR DAS COISAS QUE GOSTO.



( Varekai )

 
 
 

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